sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

interdisciplinaridade


INTERDISCIPLINARIDADE

Artigo produzido por: Rosimeire Morais Cardeal Simão



A interdisciplinaridade é uma prática altamente complexa que exige uma reflexão epistemológica. Os desafios de uma nova educação se impõem e ela deve ser repensada de maneira a dar aos alunos oportunidades de tirarem proveito da melhor maneira possível do ambiente educativo que está sempre em constante transformação. Para tanto, o professor deve estar sempre buscando e perseguindo as quatro aprendizagens ligadas aos pilares da educação, são eles: aprender a conhecer garante a aprender a aprender e constitui um passaporte para educação permanente, o aprender a fazer está ligado ao desenvolvimento de habilidades e o estimulo ao surgimento de novas aptidões, aprender a viver trata-se de viver juntos, desenvolvendo o conhecimento do outro e aprender a ser mostra que a educação deve estar comprometida com o desenvolvimento total da pessoa.

Dessa forma, a interdisciplinaridade e a contextualização são propostas que visam superar o tratamento estanque dado ao conhecimento escolar. Segundo os Parâmetro curriculares Nacionais (PCN’s)- Ensino Médio, p.88 e 89.

O conceito de interdisciplinaridade fica mais claro quando se considera o fato trivial de que todo conhecimento mantém um diálogo permanente com outros conhecimentos, que pode ser de questionamento, de confirmação, de complementação, de negação, de ampliação, de eliminação de aspectos não distinguidos.

Tendo presente esse fato, é fácil constatar que algumas disciplinas se identificam e aproximam, outras se diferenciam e distanciam, em vários aspectos: pelos métodos e procedimentos que envolvem, pelo objeto que pretendem conhecer, ou ainda pelo tipo de habilidade que mobilizam naquele que a investiga, conhece, ensina ou aprende.



Para Klein (2001, p.115). ”Não existe um currículo interdisciplinar único, um paradigma para prática único e uma teoria única”. A interdisciplinaridade foge da dicotomia improdutiva e pressupões um movimento dialético com vista ao crescimento da identidade e da alteridade disciplinares e por trabalhar as interfaces de vários saberes, a interdisciplinaridade constitui-se como um terceiro, um entre-lugar, onde há uma circulação de saberes. Conforme consta nos PCN’s- Ensino médio, p.88 e 89

(...)

É importante enfatizar que a interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários. Explicação, compreensão, intervenção são processos que requerem um conhecimento que vai além da descrição da realidade e mobiliza competências cognitivas para reduzir, tirar inferências ou fazer provisões a partir do fato observado.



            A prática dialógica da interdisciplinaridade assegura aos agentes envolvidos, sejam eles estudantes, professores ou mesmo os representantes da instituição de ensino relativizar os conceitos de verdade.de maneira plural. O interdisciplinar de que tanto se fala não está em confrontar disciplinas já constituídas das quais, na realidade, nenhuma consente em abandonar-se. Para se fazer interdisciplinaridade, não basta tomar um “assunto” (um tema) e convocar em torno duas ou três ciências.

A interdisciplinaridade consiste em um objeto novo que não pertença a ninguém. (Barthes, 1988, apud Machado, 2000, p.117). Somos convictos que as práticas pedagógicas no decorrer da história sofriam mudanças em função dos valores cultivados pelo homem, derivados das necessidades básicas da própria existência; as transformações ocorridas empunham naturalmente a busca de novas formas de saber e fazer. Como observa Silva, cabe à análise ético-política dos projetos educacionais garantir “instrumentos que deverão produzir o equilíbrio intra institucional e da instituição com seu entorno social, político e histórico” (SILVA,2006: 198).

Neste sentido reconsiderar da construção social é um ideal de sociedade pela qual se luta. Sendo assim, uma proposta de ensino interdisciplinar possibilita a formulação de um saber crítico-reflexivo com base no diálogo entre os conteúdos de diferentes disciplinas, permitindo uma nova postura de professores e alunos diante do conhecimento, deixando de concebê-lo como algo estanque. Nesta perspectiva, reconhecemos a necessidade de se trabalhar com a interdisciplinaridade, ou seja, o entendimento de que a complexidade dos mundos físico e social requer as disciplinas se articulem, superando a fragmentação e o distanciamento, para que possamos conhecer mais e melhor.

A interdisciplinaridade busca, assim, romper com os limites entre as disciplinas escolares e as diferentes áreas de conhecimento, proporá os alunos uma compreensão mais abrangente da realidade e, consequentemente, dando-lhe oportunidade de vivenciar uma aprendizagem mais efetiva. Um ensino pautado numa prática interdisciplinar pretende formar alunos com uma visão global de mundo de mundo, aptos para “articular, religar, contextualizar, situar-se num contexto e se possível globalizar, reunir conhecimentos adquiridos” (MORIN,2002, p.29).

Dessa forma o trabalho interdisciplinar significa nada menos que a construção coletiva do novo conhecimento de forma humanística e uma preparação para o mercado de trabalho. Portanto, a prática interdisciplinar não é oposta a prática disciplinar, mas sim complementar a essa, na medida em que “não pode existir sem ela e mais ainda, alimenta-se dela” (LENOIR, 2001, p.46).

Sendo assim, a escola precisa reconhecer que nesta nova pedagogia de comunicação não há lugar para ensino tradicional com conteúdos fragmentados, mais ter condição que a aprendizagem significativa é aquela que parte do lado para compreender as partes. Quando o saber é compartimentado em disciplinas, pode levar a conhecimentos bastante específicos focalizados em uma só área. Essa compartimentalização está presente na escola por meio das disciplinas específicas, e, entre as temáticas da sala de aula e a realidade vivida pelos estudantes, acaba por gerar a alienação e a irresponsabilidade dos aprendizes, que não se sentem parte dos fenômenos e, portanto capazes de mudá-los. (Lück,1994).

O currículo escolar é mínimo e fragmentado não favorece o diálogo e a comunicação entre os saberes. As disciplinas com seus programas e conteúdos não se integram, dificultando a perspectiva de conjunto e de globalização que favorece a aprendizagem (PETAGLIA,1995. P.69).  

Para isso, em primeiro lugar não podemos ignorar as relações entre as disciplinas e as áreas de conhecimento e persistir discutindo de forma fragmentada os conhecimentos, na expectativa de que os alunos solitariamente, consigam estabelecer as inúmeras relações, nem sempre tão claras ou acessíveis. Neste ambiente, trata de organizar organização a discussão dos conhecimentos de forma interdisciplinar o que pode ser feito pelos educadores da mesma área definidas as competências consideradas essenciais para o desenvolvimento dos alunos. Segundo LUCK, (1994), a interdisciplinaridade se tornou uma ideia força que procura engajar professores numa prática conjunta. No entanto relatos obtidos de experimentos para integrar as disciplinas escolares de forma intencional ainda incipientes.

Diante disso, percebemos que o que faz com que uma disciplina se relacione com a autora é mundo, o mesmo mundo que, no seu movimento, faz com que as disciplinas se transformem. Segundo MIZUKAME, (1999), a necessidade de lidar com uma clientela cada vez mais plural do ponto de vista cognitivo, social, cultural, étnico e linguístico, exige dos professores um conhecimento mais maleável e atualizado dos conteúdos e de metodologias de ensino facilitadoras da aprendizagem.

Porém a realidade é que muitos professores não estão sendo instruído para lida com tais mudanças, ou por estarem carregados em suas práticas pedagógicas ou por não saberem como ter uma postura única entre as outras disciplinas frente a isto, o resultado é uma alienação que é necessária a ser superada não só para que os educadores sejam reflexivos para lidar com as rápidas mudanças nos processos educativos, mas para que o conhecimento científico tenha maior abrangência e significação. Embora, a implementação da prática interdisciplinar esteja em voga na educação brasileira, a insegurança e a dificuldade de realizar projetos dessa natureza ainda impera entre os educadores, FAZENDA, (2002).

Neste contexto, coloca-se para o professor como um desafio, pois trata-se de selecionar deferentes “caminhos” para facilitar a aproximação entre o aluno e o conhecimento. O grande problema pois é encontrar a difícil via de inter- articulação entre as ciências, que tem, cada uma delas, não apenas sua linguagem própria, mas também conceitos fundamentais que não podem ser transferidos de uma linguagem à outra. (MORIN,2002 A, p.113).

O que sabe o aluno sobre aquele concerto mesmo que tenha uma compreensão parcial ou esquivo cada? Como provocá-lo? Que “instrumento” nos permitem garantir uma ponte entre o que o aluno sabe e aquilo de que precisa se apropriar? Ou seja, que passagens posso provocar. Que permitam ao aluno caminhar em uma e outra direção, ir e voltar comparar, desconstruir e construir as representações? Quais são os elos que legam o sujeito ao conhecimento enfim, como contextualizar, como falar próximo ao que o aluno transmita.

Sendo assim, detectamos que não é uma tarefa simples, depende da competência de cada professor para organizar as situações de aprendizagens e de sua disponibilidade para revê-las. Isto porque não há uma indicação pronta de como se deve fazer para discutir qualquer conhecimento. Segundo Severino (2001, p.41) “Se o sentido interdisciplinar ele precisa ser redimensionado quando se trata de um saber teórico, ele precisa ser construído quando se trata de um fazer prático”.

O que existe são indicações metodológicas específicas relacionadas, por exemplo, a lógica da própria disciplina à faixa etária do aluno à experiência de vida à relação professor, aluno. Nesta trajetória, reconhecemos que é possível sem, a escola trabalhar de forma interdisciplinar. Para isso é necessário que sempre se trabalhe com estratégias para encontrar os elos que permitam ao aluno dar significado ao que está aprendendo.

Por exemplo, é inevitável ao trabalha com temas diversificados, antes de tudo pioro cor reflexões, para que o aluno não apele apenas para memorização, mas compreendam o todo num visão global; para isso é necessário que o educador leve para soa de aula inúmeros textos ou matérias como fator, vídeos filmes etc. que tenha significado para eles afim de despertar total interesse pelas atividades

Portanto, a escola precisa investir professores para que este seja um instigadores do conhecimento e ensine os alunos a utilizar as linguagens como meio de expressão, informação comunicação, colocando-os como protagonistas no processo de produção e recepção; ensino a analisar, interpretar é aplicar os recursos. Os professores devem ser os protagonistas na implantação de práticas interdisciplinares na escola.

Como afirma Morin (2002B, p.35) “a reforma deve se originar dos próprios educadores e não do exterior.” Para isso, a escola precisa estar atentas as várias técnicas como: os seminários onde os alunos podem expor suas criatividades de inúmeras maneiras, analises de painéis, e do próprio espaço físico e social em que atuam interpretações de diversos tipos de textos, e utilização da arte como ponto de parida aos objetivos que desejam alcançar. Enfim a construção de conhecimentos competências e habilidade na escola implica recorrer a contextos que tenham significados para o aluno e possam mobiliza-los a aprender, num processo ativo, em que ele é protagonista e não mero coadjuvante: Educar para a vida requer uma aprendizagem significativa, que envolva o aluno não só institua, mas também afetivamente.

Foi neste pensamento, de almejar tal educação que é indemissível utilizar a arte como ponto chave para as metas desejáveis. Na educação a arte representa a ampliação do ambiente social do aluno, o contato com o fazer artístico possibilitará ao mesmo uma segunda porta de entrada na sociedade mais ampla. Desenhar, pintar ou construir (re)constituir um processo complexo em que o aluno reúne deveres elementos de sua experiência para formar um novo e significativo todo, para ele a arte e atividade dinâmica e unificadora.

Por isso tudo em vista que a arte é um elemento socializado, o professor deve buscar a integração dos inúmeros conhecimentos sempre utilizado o ensino desta, pois proporcionará uma prática prazerosa, gratificante, onde os alunos, por se sentir estimulado será bem mais fácil desafiá-los e levá-los a construir seus próprios conceitos e consequentemente uma verdadeira aprendizagem.

Segundo os PCN’s A integração interdisciplinar deve fazer parte de toda estratégia de ensino. Na prática cotidiana, professores de diferentes disciplinas complementam informações, trocam ideias e desenvolvem o trabalho em equipe. Os estudantes percebem mais facilmente as relações entre os diferentes fenômenos da natureza quando estudam os mesmos conceitos em diferentes disciplinas. É recomendável considerar a possibilidade de integrações interdisciplinares, mesmo que de maneira informal, e, se possível, incluir no planejamento ao menos uma atividade desse tipo.

Portanto percebemos que a interdisciplinaridade se dá pelo envolvimento das disciplinas em projetos, atividades facilitadoras da compreensão de temas complexos, desenvolvimentos de pesquisas e estudos ou até mesmo pelo esforço coletivo da classe em analisar em fato, um conteúdo ou numa prática escolar sobe diferentes enfoques.

Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (Resolução n,2, de 30 de janeiro de 2012, da Câmera de Educação Básica do MEC) propõe, em seu artigo 8ª, um tratamento metodológico “que evidencie a contextualização e a interdisciplinaridade ou outras formas de interação e articulação entre diferentes campos de saberes específicos”. Nos PCN+ Ensino médio, a nova compreensão do Ensino Médio é descrita em termos de uma de uma organização do aprendizado que “não seria conduzida de forma solitária pelo professor de cada disciplina, pois as escolhas pedagógicas feitas numa disciplina não seriam independentes do tratamento dado às demais, uma vez que é uma ação de cunho interdisciplinar que articula o trabalho das disciplinas, no sentido de promover competências” (Brasil- MEC-SEMT. PCN+ - Ensino médio: Orientações educacionais complementares aos parâmetros curriculares Nacionais- Ciências da Natureza, matemática e suas tecnologias. Brasília: MEC- Semt, 2002.p. 13). 

Assim, para que haja a interação interdisciplinar, não se deve perder de vista os conhecimentos disciplinares. Não se trata, portanto, de tirar de cena os conteúdos disciplinares, mas, ao contrário, de promover a interação entre eles. É possível, assim, atuar na fronteira entre disciplinares e, ao mesmo tempo, mobilizar o conhecimento destas para o tratamento dos temas interdisciplinares.

Diante dos fatos acima mencionados, há necessidade de reflexões teóricas, que permitam a compreensão do sentido do conceito de interdisciplinaridade e que possam subsidiar a construção de projetos interdisciplinares, entre os docentes das diferentes áreas na escola pesquisada, para tanto a interdisciplinaridade conduto que resume a prática de interação entre as disciplinas é uma estratégia pedagógica que assegurar aos alunos a compreensão dos fenômenos naturais e sociais, sendo assim a escola deve fornecer aos alunos as ferramentas para a compreensão e ação.

É preciso construir essas ferramentas, as competências partindo dos conhecimentos específicos e fazendo-os interagir, só assim estaremos educando para a vida, ou seja levando o aluno a se transformar no contato com o mundo e a se habilitar a três formar, ele próprio, e o mundo em que vive.


REFERÊNCIAS


DESCARTES, R. Discurso sobre o método. São Paulo: Hemus, 1978.

FAZENDA, I. C. A. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. 10. ed. Campinas: Papirus, 2002.

KLEIN, J. T. Ensino interdisciplinar: didática e teoria. In: FAZENDA, I. C. A. (Org.). Didática e interdisciplinaridade. 6. ed. Campinas: Papirus, 2001. p. 109-132.

LENOIR, Y. Didática e interdisciplinaridade: uma complementaridade necessária e incontornável. In: FAZENDA, I. C. A. (Org). Didática e interdisciplinaridade. 6. ed. Campinas: Papirus, 2001.

LÜCK, H. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológico. 9. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

MACHADO, N. J. Educação: projetos e valores. 3. ed. São Paulo: Escrituras, 2000.

MIZUKAMI, M. G. N. Os Parâmetros curriculares nacionais: dos professores que temos aos que queremos. In: MORIN, E. A cabeça bem-feita. repensar a reforma, reformar o pensamento. 7. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002a.

______. Educação e complexidade: os sete saberes e outros ensaios. São Paulo: Cortez, 2002b.

PETRAGLIA, I.C. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e do saber. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

SANTOMÉ, J. T. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artmed, 1998.

SEVERINO, A. J. O conhecimento pedagógico e a interdisciplinaridade: o saber como intencionalização da prática. In: FAZENDA, I. C. A. (Org.). Didática e interdisciplinaridade. Campinas: Papirus, 2001.


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