sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Aula de Campo como Mecanismo Facilitador do Ensino-Aprendizagem sobre os Fungos na Educação Básica.


Aula de Campo como Mecanismo Facilitador do Ensino-Aprendizagem sobre os Fungos na Educação Básica.



Livro ser protagonista/ Biologia ensino médio 2º coleção0072P18113/ 2016   organizações SM Editora responsável Lia Monguilhott Bezerra

Texto produzido por: Rosimeire Morais Cardeal Simão



Trabalhar com aulas de campo na Educação Básica, tem especial relevância, por isso devem ser estimuladas, pois quando aplicadas para esse público alvo, irão levá-los à realidade do meio ambiente. Esta atividade é caracterizada por ser mais flexível, por trabalhar o conteúdo proposto e acontecer em ambiente extraclasse da instituição educacional (KRASILCHIK, 2004; MORAIS e PAIVA, 2009).

            Krasilchik (2004) afirma que um professor pode expor os conteúdos por meio de uma aula expositiva, o que pode ser uma experiência informativa, divertida e estimulante, dependendo da forma como ocorra o preparo da aula. Para tanto as disciplinas devem incluir as várias modalidades didática, entre ela a aula de campo, de modo que, uma rápida saída de campo, pra visitar o ambiente natural. Estas aulas também oferecem a possibilidade de trabalhar de forma interdisciplinar, pois dependendo do conteúdo, podem-se abordar vários temas (MORAIS e PAIVA, 2009), possibilita ricas experiências de aprendizagem e cumpre um importante papel pedagógico, pois desperta a curiosidade, estimula a busca pelo conhecimento, exercita certas habilidades e a práticas de alguns valores e atitudes que nem sempre são facilmente exploráveis em sala de aula.

Os valores e convicções do professor também devem ser considerados para que o trabalho seja bem realizado, pois deve ser utilizada uma metodologia na qual o profissional responsável pela execução confie e acredite (KRASILCHIK, 2004). Atualmente os conteúdos de Biologia que aborda o tema fungos, está definido para ser trabalhado no 3º ano do Ensino Médio, isto porque o livro didático adotado pelos professores da instituição faz a seleção dos conteúdos de maneira diferente da maioria dos outros autores.

Existem autores que caracterizam a aula expositiva, tanto oral quanto escrita enfatizando que aprender é mera repetição de conteúdos, por vezes, sem nenhum significado para o dia a dia da vida. O professor que se interessa em mudar a tradicional aula expositiva deve buscar meios para que os alunos possam estar envolvidos e empenhados no próprio processo de aprendizagem (MARTINS, 2009).

            Porém em alguns casos, é cansativa e pouco contribui para a formação dos alunos. Uma saída da escola ou trabalho de campo, também chamadas de visitas, passeios e excursões podem estar inseridos no currículo escolar. Considera-se importante, inserir o ensino nas práticas rotineiras dos estudantes e para isto deve-se contextualizar o ensino por meio de saídas da escola para a observação da natureza e do cotidiano da sociedade. Consequentemente, a realidade dos alunos é de suma importância, sendo que muitos docentes já trabalharam com esta ideia, além do que, existem vários espaços específicos em conteúdos de Ciências.

Nas matérias relacionadas com Ciências, torna-se imprescindível um planejamento que articule trabalhos de campo com as atividades desenvolvidas em classe, na busca de um ensino de qualidade (VIVEIRO e DINIZ, 2009).Segundo Anastasiou e Alves, (2004, p.  67-100)

Existe uma estreita relação das aulas de campo com as atividades pedagógicas convencionais, as quais são consideradas estratégia de ensino, muitas vezes denominadas como estudo do meio, sendo consideradas como ensino formal, pois se encontram totalmente relacionadas aos acontecimentos da sala de aula

Os professores possuem várias maneiras de diversificar suas aulas, associando a tradicional aula teórica a outras formas de ensino, que poderão ajudar no processo de aprendizagem do aluno. Diante disso, cabe ao professor escolher o conteúdo que vai trabalhar e à partir daí traçar um plano de aula, de forma que cabe ao professor escolher as ferramentas as quais irão utilizar nessa aula de campo. Atividades práticas, uso do laboratório e aulas de campo são as formas mais conhecidas, sendo esta última relatada por Fonseca e Caldeira (2008, p.71):

Uma forma de realizar a apresentação de fenômenos naturais é utilizando, como recurso didático, aulas de campo em ambientes naturais principalmente aqueles que encontrados espacialmente próximos aos alunos por sua facilidade e pela possibilidade dos alunos possuírem experiência prévia com o ambiente objeto de estudo.



As aulas de campo são oportunidades em que os alunos poderão descobrir novos ambientes fora da sala de aula, incluindo a observação e o registro de imagens e/ou de entrevistas as quais poderão ser de grande valia. A aula de campo tem sido descrita como uma forma de levar os alunos a estudarem os ambientes naturais, objetivando perceber e conhecer a natureza por meio dos diversos recursos visuais, ou seja, levá-los ao ambiente propriamente dito para estimular os sentidos de forma lúdica e interativa.

No momento em que o professor planeja a sua atividade de campo à partir de um escolhido, ele poderá organizar uma série de questões, ou pedi que os alunos façam relatório ou mesmo faça uma discussão durante a aula de campo, ou na próxima aula que o professor tiver com essa turma. Não se pode esquecer que para toda saída de campo, é preciso que na aula que antecede a saída, o professor entregue o termo de consentimento, para que os pais autorize a saída do seu filho do espaço escolar.

O professor tem papel fundamental na realização da aula de campo, pois além de planejar toda a atividade, ele vai trabalhar como um mediador entre os conhecimentos existentes nos ambientes visitados e o estudante. Dependendo do local escolhido, se houver a disponibilização de guias ou monitores, o professor terá a função de acompanhar todo o processo, orientando os alunos e os auxiliando no que for preciso, de outra forma, o professor atuará como guia e mediador do processo de ensino-aprendizagem (MARANDINO et al.,2009). Esta mesma autora ainda destaca que:

Efetuar o planejamento dessas viagens é passo fundamental para seu sucesso. Especial atenção deve ser dispensada à escolha dos locais, à seleção dos conteúdos e espaços a serem trabalhados, à construção dos discursos dos mediadores, às atividades desenvolvidas pelos alunos e às formas de registro e avaliação que vão ser propostas (MARANDINO et al., 2009, p.150).

Iniciativas de realização envolvendo atividades que diferenciem o cotidiano escolar têm sido relatadas como formas de levar o aluno a construção do próprio conhecimento que vem para contrapor a ideia tradicional de ensino por transmissão-recepção de informações. Além disso, vários pesquisadores têm relatado que a aula de campo trouxe uma aprendizagem de conceitos maior que a aula teórica. O construtivismo adota a ideia de que as concepções do indivíduo são formadas a partir da interação ativa deste com o mundo, sendo o conhecimento uma forma de construção humana (LIMA et al., 2004).

Vários são os teóricos que adotam essa forma de ver o processo de ensino aprendizagem. Entre eles, destaca-se David Ausubel (1918-2008) que desenvolveu a teoria da aprendizagem significativa. É válido destacar, que o conhecimento só passa a ser significativo para o aluno à medida que a nova informação se liga àquilo que o aluno já sabe, ou seja, os chamados conceitos prévios (RIBEIRO e NUÑEZ, 2004).

Moreira (2012) define esses conceitos prévios como subsunçores ou ideia-âncora e descreve a aprendizagem significativa como:

É aquela em que ideias expressas simbolicamente interagem de maneira substantiva e não-arbitrária com aquilo que o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer não literal, não ao pé da letra, e não arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura cognitiva do sujeito que aprende (MOREIRA, 2012, p.13).



Dessa forma, torna-se relevante basear o ensino naquilo que o aluno já sabe, identificando os conceitos organizadores básicos dos conteúdos que serão transmitidos. Buscar a aprendizagem significativa deve ser o foco do processo educacional e adotar novas metodologias de ensino para alcançar esses objetivos é primordial no ambiente escolar (MOREIRA, 2006).

Dentro da instituição escolar ou no ambiente de aprendizagem é fundamental que haja uma reflexão a respeito do desenvolvimento de iniciativas direcionadas para o estudo dos fungos, visto que os alunos possam observar os fungos em ambiente natural, é preciso fazer um estudo do meio. Assim, eles terão a possibilidade de ver a interação de vários grupos de fungos no ambiente em que estão localizados e compreender o importante papel que desempenham na manutenção dos ecossistemas.

O estudo do meio, os quais explorem outros diferentes espaços para a divulgação do ensino de Ciências, tornando as ações educativas extraescolares, incluindo as atividades em campo como valiosas formas de ampliar o acesso dos alunos à cultura científica (MARANDINO et al., 2009).

Dentro da Biologia existem muitos tipos de conteúdos que a partir de uma nova forma de se trabalhar podem ser aprendidos mais facilmente.  Segundo Viveiro e Diniz (2009), as atividades de campo permitem a exploração de conceitos, procedimentos e atitudes que são de grande valia em programas de Educação Ambiental. Nunes e Dourado (2009, p.671-691) relatam que:

 Os professores esperam alcançar por meio da aula de campo em ambientes naturais, que os alunos adquiram maior respeito pela natureza, explorando aspectos que não são possíveis dentro da sala de aula, facilitando a assimilação de informação de forma mais agradável. Também foi destacada a promoção do espírito científico dos alunos por meio do aumento da capacidade de observação e de descoberta.



Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apresentam como possibilidades a “excursão ou estudo do meio”, considerada como uma modalidade do procedimento de “busca de informações em fontes variadas” (BRASIL, 1998). Essas habilidades especificas da ciência que podem ser exploradas em uma saída de campo, destacam-se por exemplo, a observação, a busca, a coleta, e a sistematização de dados. Este processo é necessário, pois os alunos que têm dificuldades de aprendizagem podem ser auxiliados dependendo do meio que se use para a efetivação do conhecimento.

Seniciato e Cavassan (2004) relatam que as aulas de Ciências e Biologia, realizadas por meio do estudo de campo em ambientes naturais, surtem os efeitos esperados de acordo com a metodologia de visita ao ambiente empregada, pois ajudam à motivação dos estudantes das diversas faixas etárias na busca pelo conhecimento.Muitos conteúdos de Biologia podem ser trabalhados por meio da aula de campo e o estudo do meio tem sido relatado por autores como um assunto que é bem aplicado por meio dessa metodologia (SENICIATO, 2006; VIVEIRO e DINIZ, 2009; GONÇALVES et al., 2010; MARTINS e HALASZ, 2011; OLIVEIRA et al., 2012).

Dentre os benefícios do uso de aulas de campo em conteúdos relacionados aos fungos, destacam-se o desenvolvimento de habilidades ligada a valores que constitui uma oportunidade de constatar a importância de trabalhar em grupo, de compartilhar experiências, ideias, convívio, entre outros valores destaca-se o respeito a vida ao ambiente e ao ser humano que está próximo dele. Nessa concepção, toda a estrutura para a realização da aula já está pronta no ambiente, necessitando apenas que o professor planeje e prepare a atividade a ser realizada para o maior proveito no processo de ensino aprendizagem (SENICIATO et al., 2006; SILVA e CAVASSAN, 2006).

Primeiramente é necessário a identificação de um local seguro para realização de uma trilha. Durante a caminhada, os alunos devem observar tipos diferentes de fungos, como orelhas-de-pau e cogumelos, os mais fáceis de serem identificados. No entanto, os professores devem atentar para outros tipos, como ascomicetos, por exemplo, assim o professor devem pedir aos alunos para observar e anotar as condições em que os fungos s encontram. Eles estão localizados em ambientes úmidos ou não? Necessariamente estão em ambientes bem iluminados? Quais as variedades de tipos e formas encontradas? Quais são os mais abundantes?

Uma variação dessa atividade é observar os fungos em ambientes urbanos. Para isso, peça aos alunos que comecem a observar os fungos na casa deles (no interior das gavetas, armários, guarda roupa, nos alimentos da cozinha, em paredes em possíveis focos de umidade, etc.). As saídas de campo ou estudos do meio são, ainda, momentos privilegiados para a formulação de hipóteses ou para o levantamento de questões que poderão ser trabalhadas em sala de aula.

No caminho inverso, também podem ser muito eficazes para a verificação das hipóteses levantadas e a busca de respostas por meio da observação e da coleta de informações e dados, bem como posterior discussão na sala de aula. Levando em conta que a realidade de cada escola é diferente e muito particular, com seu entorno natural e social próprio, é preciso que cada atividade sejam planejadas pelo professor e constem no PPP da escola.

Vale ressaltar que o planejamento de uma saída de campo deve levar e conta a segurança do ambiente a ser explorado e seu valor pedagógico. O sucesso de uma atividade de campo vai depender das ações planejadas pelo professor à partir da clareza dos seus objetivos pedagógicos. Para tanto, os alunos devem estar cientes do objetivo da aula, pois para alcançar esses objetivos esses alunos devem ser cúmplices dessas atividades. Torna-se de fundamental importância o conhecimento prévio do local a ser explorado, para se ter a real noção se houve alguma alteração e assim definir com antecedência o que se espera da atividade prática.











REFERÊNCIAS



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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998.



FONSECA, G.; CALDEIRA, A. M. A. Uma reflexão sobre o ensino aprendizagem de ecologia em aulas práticas e a construção de sociedades sustentáveis. Revista Brasileira de Ensino de Ciência e Tecnologia, v. 1, n. 3, p.70-92, set./dez. 2008



LIMA, A. A.; FILHO, J. P.; NUÑEZ, I. B. O construtivismo no ensino de ciências da natureza e matemática. In: NUÑEZ, ISAURO BELTRÁN RAMALHO, BETANIA LEITE. Fundamentos do Ensino-Aprendizagem das Ciências Naturais e da Matemática: O Novo Ensino Médio. Porto Alegre: Sulina, 2004.



KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4ª ed., São Paulo: EDUSP, 2004.



MARTINS, J. S. Situações Práticas de Ensino e aprendizagem significativa. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.



MARANDINO, M.; SELLES, S. E.; FERREIRA, M. S. Ensino de Biologia: histórias e práticas em diferentes espaços educativos. São Paulo: Cortez, 2009



MOREIRA, M. A. A teoria da aprendizagem significativa e sua implementação em sala de aula. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2006.



MOREIRA, M. A. Aprendizagem Significativa: a teoria e textos complementares. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2012.



MORAIS, M. B.; PAIVA, M. H. Ciências – ensinar e aprender. Belo Horizonte: Dimensão, 2009.



NUNES, I. E.; DOURADO, L. Concepções e práticas de professores de Biologia e Geologia relativas à implementação de ações de Educação Ambiental com recurso ao trabalho laboratorial e de campo. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v. 8, n. 2, p. 671- 691. mai./ago. 2009





OLIVEIRA, A. P. L.; MORAIS, J. P. S.; SOVIERZOSKI, H. H.; CORREIA, M. D.

Avaliação do Conhecimento dos Alunos de uma Escola Pública sobre o Ecossistema Manguezal no Litoral Norte do Município de Maceió – Alagoas. In: III Encontro Nacional de Ensino de Ciências e do Ambiente. Niterói, Anais eletrônicos, Niterói, UFF, 2012. Disponível

em: <www.ensinosaudeambiente.com.br/eneciencias/.../trabalhos/T215.pdf>. Último acesso em 20 OUT. 2017.



RIBEIRO, R. P.; NUÑEZ, I. B. A Aprendizagem Significativa e o Ensino de Ciências Naturais. In: NUÑEZ, I. B.; RAMALHO, B. L. Fundamentos do Ensino-Aprendizagem das Ciências Naturais e da Matemática: O Novo Ensino Médio. Porto Alegre: Sulina, 2004.



SENICIATO, T. A Formação De Valores Estéticos em Relação ao Ambiente Natural nas Licenciaturas em Ciências Biológicas da UNESP. Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências da UNESP/Campus de Bauru. 2006.





SENICIATO, T; CAVASSAN, O. Aulas de campo em ambientes naturais e aprendizagem em ciências – um estudo com alunos do ensino fundamental. Ciência & Educação, v. 10, n. 1, p. 133-147, mar. 2004.



SENICIATO, T; SILVA, P; CAVASSAN, O. Construindo Valores Estéticos Nas Aulas De Ciências Desenvolvidas Em Ambientes Naturais. Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, vol. 8, núm. 2, p. 97-109, dez. 2006.



VIEIRA, V. S. Análise de espaços não formais e sua contribuição para o ensino de Ciências. Tese de Doutorado. Instituto de Bioquímica Médica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2005.



VIVEIRO, A. A. V.; DINIZ, R. E. S. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: refletindo sobre as potencialidades desta estratégia na prática escolar.

























































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