Aula de
Campo como Mecanismo Facilitador do Ensino-Aprendizagem sobre os Fungos na
Educação Básica.
Livro
ser protagonista/ Biologia ensino médio 2º coleção0072P18113/ 2016 organizações SM Editora responsável Lia
Monguilhott Bezerra
Texto produzido por: Rosimeire Morais Cardeal Simão
Trabalhar com aulas de campo na Educação Básica, tem
especial relevância, por isso devem ser estimuladas, pois quando aplicadas para
esse público alvo, irão levá-los à realidade do meio ambiente. Esta atividade é
caracterizada por ser mais flexível, por trabalhar o conteúdo proposto e
acontecer em ambiente extraclasse da instituição educacional (KRASILCHIK, 2004;
MORAIS e PAIVA, 2009).
Krasilchik
(2004) afirma que um professor pode expor os conteúdos por meio de uma aula
expositiva, o que pode ser uma experiência informativa, divertida e
estimulante, dependendo da forma como ocorra o preparo da aula. Para tanto as
disciplinas devem incluir as várias modalidades didática, entre ela a aula de
campo, de modo que, uma rápida saída de campo, pra visitar o ambiente natural. Estas
aulas também oferecem a possibilidade de trabalhar de forma interdisciplinar,
pois dependendo do conteúdo, podem-se abordar vários temas (MORAIS e PAIVA,
2009), possibilita ricas experiências de aprendizagem e cumpre um importante
papel pedagógico, pois desperta a curiosidade, estimula a busca pelo
conhecimento, exercita certas habilidades e a práticas de alguns valores e
atitudes que nem sempre são facilmente exploráveis em sala de aula.
Os valores e convicções do professor também devem ser
considerados para que o trabalho seja bem realizado, pois deve ser utilizada
uma metodologia na qual o profissional responsável pela execução confie e
acredite (KRASILCHIK, 2004). Atualmente os conteúdos de Biologia que aborda o
tema fungos, está definido para ser trabalhado no 3º ano do Ensino Médio, isto
porque o livro didático adotado pelos professores da instituição faz a seleção
dos conteúdos de maneira diferente da maioria dos outros autores.
Existem autores que caracterizam a aula expositiva, tanto
oral quanto escrita enfatizando que aprender é mera repetição de conteúdos, por
vezes, sem nenhum significado para o dia a dia da vida. O professor que se
interessa em mudar a tradicional aula expositiva deve buscar meios para que os
alunos possam estar envolvidos e empenhados no próprio processo de aprendizagem
(MARTINS, 2009).
Porém
em alguns casos, é cansativa e pouco contribui para a formação dos alunos. Uma
saída da escola ou trabalho de campo, também chamadas de visitas, passeios e
excursões podem estar inseridos no currículo escolar. Considera-se importante,
inserir o ensino nas práticas rotineiras dos estudantes e para isto deve-se contextualizar
o ensino por meio de saídas da escola para a observação da natureza e do
cotidiano da sociedade. Consequentemente, a realidade dos alunos é de suma
importância, sendo que muitos docentes já trabalharam com esta ideia, além do que, existem vários espaços específicos
em conteúdos de Ciências.
Nas matérias relacionadas com Ciências, torna-se
imprescindível um planejamento que articule trabalhos de campo com as
atividades desenvolvidas em classe, na busca de um ensino de qualidade (VIVEIRO
e DINIZ, 2009).Segundo Anastasiou e Alves, (2004, p. 67-100)
Existe uma estreita relação das aulas de
campo com as atividades pedagógicas convencionais, as quais são consideradas
estratégia de ensino, muitas vezes denominadas como estudo do meio, sendo
consideradas como ensino formal, pois se encontram totalmente relacionadas aos
acontecimentos da sala de aula
Os professores possuem várias maneiras de diversificar
suas aulas, associando a tradicional aula teórica a outras formas de ensino, que
poderão ajudar no processo de aprendizagem do aluno. Diante disso, cabe ao
professor escolher o conteúdo que vai trabalhar e à partir daí traçar um plano
de aula, de forma que cabe ao professor escolher as ferramentas as quais irão
utilizar nessa aula de campo. Atividades práticas, uso do laboratório e aulas
de campo são as formas mais conhecidas, sendo esta última relatada por Fonseca
e Caldeira (2008, p.71):
Uma forma de realizar a apresentação de
fenômenos naturais é utilizando, como recurso didático, aulas de campo em
ambientes naturais principalmente aqueles que encontrados espacialmente
próximos aos alunos por sua facilidade e pela possibilidade dos alunos
possuírem experiência prévia com o ambiente objeto de estudo.
As aulas de campo são oportunidades em que os alunos
poderão descobrir novos ambientes fora da sala de aula, incluindo a observação
e o registro de imagens e/ou de entrevistas as quais poderão ser de grande
valia. A aula de campo tem sido descrita como uma forma de levar os alunos a
estudarem os ambientes naturais, objetivando perceber e conhecer a natureza por
meio dos diversos recursos visuais, ou seja, levá-los ao ambiente propriamente
dito para estimular os sentidos de forma lúdica e interativa.
No momento em que o professor planeja a sua atividade de
campo à partir de um escolhido, ele poderá organizar uma série de questões, ou
pedi que os alunos façam relatório ou mesmo faça uma discussão durante a aula
de campo, ou na próxima aula que o professor tiver com essa turma. Não se pode
esquecer que para toda saída de campo, é preciso que na aula que antecede a saída,
o professor entregue o termo de consentimento, para que os pais autorize a
saída do seu filho do espaço escolar.
O professor tem papel fundamental na realização da aula
de campo, pois além de planejar toda a atividade, ele vai trabalhar como um mediador
entre os conhecimentos existentes nos ambientes visitados e o estudante.
Dependendo do local escolhido, se houver a disponibilização de guias ou
monitores, o professor terá a função de acompanhar todo o processo, orientando
os alunos e os auxiliando no que for preciso, de outra forma, o professor
atuará como guia e mediador do processo de ensino-aprendizagem (MARANDINO et
al.,2009). Esta mesma autora ainda destaca que:
Efetuar o planejamento dessas viagens é passo
fundamental para seu sucesso. Especial atenção deve ser dispensada à escolha
dos locais, à seleção dos conteúdos e espaços a serem trabalhados, à construção
dos discursos dos mediadores, às atividades desenvolvidas pelos alunos e às
formas de registro e avaliação que vão ser propostas (MARANDINO et al., 2009,
p.150).
Iniciativas de realização envolvendo atividades que
diferenciem o cotidiano escolar têm sido relatadas como formas de levar o aluno
a construção do próprio conhecimento que vem para contrapor a ideia tradicional
de ensino por transmissão-recepção de informações. Além disso, vários
pesquisadores têm relatado que a aula de campo trouxe uma aprendizagem de
conceitos maior que a aula teórica. O construtivismo adota a ideia de que as
concepções do indivíduo são formadas a partir da interação ativa deste com o
mundo, sendo o conhecimento uma forma de construção humana (LIMA et al., 2004).
Vários são os teóricos que adotam essa forma de ver o
processo de ensino aprendizagem. Entre eles, destaca-se David Ausubel (1918-2008)
que desenvolveu a teoria da aprendizagem significativa. É válido destacar, que
o conhecimento só passa a ser significativo para o aluno à medida que a nova
informação se liga àquilo que o aluno já sabe, ou seja, os chamados conceitos
prévios (RIBEIRO e NUÑEZ, 2004).
Moreira (2012) define
esses conceitos prévios como subsunçores ou ideia-âncora e descreve a
aprendizagem significativa como:
É aquela em que ideias expressas
simbolicamente interagem de maneira substantiva e não-arbitrária com aquilo que
o aprendiz já sabe. Substantiva quer dizer não literal, não ao pé da letra, e
não arbitrária significa que a interação não é com qualquer ideia prévia, mas
sim com algum conhecimento especificamente relevante já existente na estrutura
cognitiva do sujeito que aprende (MOREIRA, 2012, p.13).
Dessa forma, torna-se relevante basear o ensino naquilo
que o aluno já sabe, identificando os conceitos organizadores básicos dos
conteúdos que serão transmitidos. Buscar a aprendizagem significativa deve ser
o foco do processo educacional e adotar novas metodologias de ensino para
alcançar esses objetivos é primordial no ambiente escolar (MOREIRA, 2006).
Dentro da instituição escolar ou no ambiente de
aprendizagem é fundamental que haja uma reflexão a respeito do desenvolvimento
de iniciativas direcionadas para o estudo dos fungos, visto que os alunos
possam observar os fungos em ambiente natural, é preciso fazer um estudo do
meio. Assim, eles terão a possibilidade de ver a interação de vários grupos de
fungos no ambiente em que estão localizados e compreender o importante papel
que desempenham na manutenção dos ecossistemas.
O estudo do meio, os quais explorem outros diferentes
espaços para a divulgação do ensino de Ciências, tornando as ações educativas
extraescolares, incluindo as atividades em campo como valiosas formas de
ampliar o acesso dos alunos à cultura científica (MARANDINO et al., 2009).
Dentro da Biologia existem muitos tipos de conteúdos que
a partir de uma nova forma de se trabalhar podem ser aprendidos mais facilmente.
Segundo Viveiro e Diniz (2009), as
atividades de campo permitem a exploração de conceitos, procedimentos e
atitudes que são de grande valia em programas de Educação Ambiental. Nunes e
Dourado (2009, p.671-691) relatam que:
Os
professores esperam alcançar por meio da aula de campo em ambientes naturais,
que os alunos adquiram maior respeito pela natureza, explorando aspectos que
não são possíveis dentro da sala de aula, facilitando a assimilação de
informação de forma mais agradável. Também foi destacada a promoção do espírito
científico dos alunos por meio do aumento da capacidade de observação e de
descoberta.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) apresentam
como possibilidades a “excursão ou estudo do meio”, considerada como uma
modalidade do procedimento de “busca de informações em fontes variadas”
(BRASIL, 1998). Essas habilidades especificas da ciência que podem ser
exploradas em uma saída de campo, destacam-se por exemplo, a observação, a
busca, a coleta, e a sistematização de dados. Este processo é necessário, pois
os alunos que têm dificuldades de aprendizagem podem ser auxiliados dependendo
do meio que se use para a efetivação do conhecimento.
Seniciato e Cavassan (2004) relatam que as aulas de
Ciências e Biologia, realizadas por meio do estudo de campo em ambientes
naturais, surtem os efeitos esperados de acordo com a metodologia de visita ao
ambiente empregada, pois ajudam à motivação dos estudantes das diversas faixas
etárias na busca pelo conhecimento.Muitos conteúdos de Biologia podem ser
trabalhados por meio da aula de campo e o estudo do meio tem sido relatado por
autores como um assunto que é bem aplicado por meio dessa metodologia
(SENICIATO, 2006; VIVEIRO e DINIZ, 2009; GONÇALVES et al., 2010; MARTINS e
HALASZ, 2011; OLIVEIRA et al., 2012).
Dentre os benefícios do uso de aulas de campo em
conteúdos relacionados aos fungos, destacam-se o desenvolvimento de habilidades
ligada a valores que constitui uma oportunidade de constatar a importância de
trabalhar em grupo, de compartilhar experiências, ideias, convívio, entre
outros valores destaca-se o respeito a vida ao ambiente e ao ser humano que
está próximo dele. Nessa concepção, toda a estrutura para a realização da aula
já está pronta no ambiente, necessitando apenas que o professor planeje e
prepare a atividade a ser realizada para o maior proveito no processo de ensino
aprendizagem (SENICIATO et al., 2006; SILVA e CAVASSAN, 2006).
Primeiramente é necessário a identificação de um local
seguro para realização de uma trilha. Durante a caminhada, os alunos devem
observar tipos diferentes de fungos, como orelhas-de-pau e cogumelos, os mais
fáceis de serem identificados. No entanto, os professores devem atentar para
outros tipos, como ascomicetos, por exemplo, assim o professor devem pedir aos
alunos para observar e anotar as condições em que os fungos s encontram. Eles
estão localizados em ambientes úmidos ou não? Necessariamente estão em
ambientes bem iluminados? Quais as variedades de tipos e formas encontradas?
Quais são os mais abundantes?
Uma variação dessa atividade é observar os fungos em
ambientes urbanos. Para isso, peça aos alunos que comecem a observar os fungos
na casa deles (no interior das gavetas, armários, guarda roupa, nos alimentos
da cozinha, em paredes em possíveis focos de umidade, etc.). As saídas de campo
ou estudos do meio são, ainda, momentos privilegiados para a formulação de
hipóteses ou para o levantamento de questões que poderão ser trabalhadas em
sala de aula.
No caminho inverso, também podem ser muito eficazes para
a verificação das hipóteses levantadas e a busca de respostas por meio da
observação e da coleta de informações e dados, bem como posterior discussão na
sala de aula. Levando em conta que a realidade de cada escola é diferente e
muito particular, com seu entorno natural e social próprio, é preciso que cada
atividade sejam planejadas pelo professor e constem no PPP da escola.
Vale ressaltar que o planejamento de uma saída de campo
deve levar e conta a segurança do ambiente a ser explorado e seu valor
pedagógico. O sucesso de uma atividade de campo vai depender das ações
planejadas pelo professor à partir da clareza dos seus objetivos pedagógicos.
Para tanto, os alunos devem estar cientes do objetivo da aula, pois para
alcançar esses objetivos esses alunos devem ser cúmplices dessas atividades.
Torna-se de fundamental importância o conhecimento prévio do local a ser
explorado, para se ter a real noção se houve alguma alteração e assim definir
com antecedência o que se espera da atividade prática.
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