sábado, 17 de março de 2018

Agrotóxicos e vulnerabilidades dos agricultores de Miguel Calmon: (Re) pensando caminhos na busca de uma agricultura sustentável


Agrotóxicos e vulnerabilidades dos agricultores de Miguel Calmon: (Re) pensando caminhos na busca de uma agricultura sustentável

A utilização exagerada de agrotóxicos deixou de ser uma questão ligada apenas a produtores rurais e se tornou um problema de toda a sociedade brasileira. Os agrotóxicos tem impactos na saúde do trabalhadores que aplicam esses produtos, nas comunidades rurais e no meio ambiente, além disso é uma ameaça as populações das cidades que consomem água e alimentos contaminados.
Este uso excessivo está ligado a atual política agrícola do pais que foi adotada à partir da década de 60 com a chamada Revolução verde que acabou representando uma mudança tecnológica e química no modo da produção agrícola de todo o país. Isso tudo foi pensado para acabar com a fome em todo o mundo, mas isso não foi solucionado, pois tudo o que se produzia era produzidos pelos países em desenvolvimento era levado para os países ricos e industrializados. E com isso esse processo de modernização no campo alterou toda estrutura agrária, pois o pequeno produtor não conseguia acompanhar todas as técnicas e com isso se endividava. A revolução verde que prometia maior eficiência na produção agrícola, não resolveu nem esse e nem outros problemas sociais, mas com isso fez como pequeno produtor acabasse sendo expulso do sua propriedade.
De acordo com informações do Sindicato Nacional da Indústria de produtos para Defesa Agrícola (SINDAG) mais de 1 bilhão de litros de agrotóxicos foram jogados nas lavouras brasileiras na última safra e que esse volume de venda estimado em 2010 pela associação brasileira da indústria química (ABQUIM) pode ser superado em 8% em relação ao período anterior.
O Brasil é líder no uso de agrotóxicos e está em terceiro lugar dos maiores produtores agrícolas do mundo, é como se cada brasileiro estivesse consumindo 5,2% de litros de veneno por ano. A sociedade não tem conhecimento sobre os estudos que mostram as consequências nocivas tanto nos seres humanos, quanto para o ambiente.
Conhecer as vulnerabilidades e o processo produtivo dos agricultores das comunidades de Miguel Calmon, se fez necessário, para que pudesse contribuir para o desenvolvimento de estratégias e para um movimento de desenvolvimento sustentável.
Essa população vive basicamente da agricultura ficando mais exposta a estas substâncias danosas. O processo de vigilância em saúde relacionadas a esses trabalhadores rurais, apoiando a vigilância participativa, articulada com uma democracia e justiça social, poderá ter uma agricultura e/ou ambiente sustentável, bem como fortalecerá a prevenção de intoxicação por agrotóxicos.
Nessa perspectiva, no dia 27/11/2017, foram discutidas com a comunidade e gestores locais, estratégias e metodologias adequadas de comunicação social e educação em saúde que apontem os perigos do uso de agrotóxicos e na busca de novos caminhos em que se possa repensar de forma mais ampliada sobre o consumo dos agrotóxicos.
Sabemos que essas questões têm várias abordagens e que as discussões sobre o tema vem se tornando insuficiente de dar conta dessas questões tão complexas, mas que proporcione uma visão mais abrangente da realidade que é a saúde humana e que envolvem o homem do campo na atualidade.
Assim, propor uma articulação de saberes técnicos, populares e mobilização de recursos institucionais, comunitários, públicos e privados, de forma que seja possível uma abordagem integradora que contemple as múltiplas dimensões presentes nas questões da saúde do trabalhador rural de Miguel Calmon de forma a contribuir para as transformações que se impõem nesse campo.
Somar forças no combate as vulnerabilidades e situações de riscos dessa comunidade, assim como divulgar as de estratégias propostas pelo público Calmonense, favorece novas formas de pensar o mundo e a comunidade onde se vive, ampliando a cooperação e a receptividade ao conhecimento partilhado que é de produção da vida, ou seja, as estratégias de convivência com o ambiente, sejam elas experiências agroecológicas, de resistência com base na organização popular em proteção da biodiversidade, de territórios, de experiências de sociabilidade, entre outras para a convergência de ações. Neste sentido, contribuir com as comunidades, movimentos sociais e diferentes organizações e instituições a partir de uma leitura coletiva da região.

Texto publicado na Calmon Notícias em 15/02/2018





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